Vasco

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terça-feira, 7 de junho de 2011

ANIVERSARIANTE - CAPITÃO BELLINI

No dia 7 de junho de 1930, o time do Vasco estava concentrado para enfrentar o Botafogo, pela nona rodada do primeiro turno do Campeonato Carioca. Em Itapira, no interior paulista, o casal Hermínio Bellini e Carolina Levatti recebia a visita da “cegonha”, trazendo o garotão Hideraldo Luís Bellini. Um ano depois, o Vasco vencia o Bangu, por 1 x 0, pela temporada oficial carioca. Na casa dos  Bellini, apagava-se a primeira velinha de um dos (nove) filhos dos moradores.

 O garoto cresceu e, aos 13 anos, assim como muitos outros de sua idade, deslumbrava-se com os espelhos, máquinas, pentes, aventais brancos e demais implementos da barbearia de seu Pedro Manfredini. Por aquela época, em 1943, o Vasco se avizinhava de formar o quase imbatível “Expresso das Vitória”, o time montado pelo treinador uruguaio Ondino Vieira, que fora um dos mais fortes do planeta, entre 1944 e 1952, a temporada em que Bellini chegou a São Januário, procedente do Sanjoanense, de São João da Boa Vista-SP.
 Enquanto 1946 não chegava, para ele bater a sua bolinha no time da Sociedade Esportiva Itapirense, o adolescente Hideraldo curtia a sua empolgante aventura circulando pelas cadeiras giratórias do salão de Seu Manfredini, e olhando para vidros coloridos que ocupavam uma parede. Que inveja os amigos tinham! Principalmente, das gorjetas.
MUDANÇA DE ROTA - O tempo passou e o garoto Hideraldo trocou as tesouras pela bola. E de nome. Passou a ser Bellini.  Veio, então, um dia muito importante na sua vida. Ele estava nervoso, as pernas tremiam, mesmo conhecia os segredos do seu ofício, pois treinava, há quatro meses, para dar conta do recado. Sabia do perigo que a sua carreira sofreria, se fracassasse. Mas partiu, decisivo, para encarar a fera que o esperava. Concentrou-se no que iria fazer, e, nervoso, suava muito. Depois de 60 minutos de atuação, abriu um sorriso. Aquela batalha estava ganha. Levou tapinhas nas costas e agrado no bolso. Não dormiu, de tanta felicidade.
Meu caro torcedor cruzmaltino!. Se você acha que acabou de ler sobre o dia em que Bellini entrou no estádio de Rasunda, na Suécia, para decidir a Copa do Mundo de 1958, chutou pra fora! Aconteceu quando ele foi cortar o cabelo do seu primeiro cliente, em Itapira.
Agora, vamos no expresso do tempo para 1952. O Vasco estava tirando dos trilhos a sua “locomotiva frenética”. Mas ainda deu para ser campeão carioca, com este time que você na foto que abre o blog,  “lá  in riba”, confere? A base, ou o time posado, era escalado assim: Barbosa, Augusto e Haroldo: Ely, Danilo e Jorge; Sabará, Alfredo, Ademir Menezes, Ipojucan e Chico. O ainda reserva Bellini entrou em três partidas – 17.08 – Vasco 5 x 2 Madureira: 23.08 – Vasco 2 x 1 Canto do Rio; 31.08 – Vasco 5 x 2 Bonsucesso.

O HOMEM DA BRAÇADEIRA - A partir de 1953, ninguém tascava mais na sua posição. Bellini era dono das ações preferenciais de atleta e de líder do time, do qual só saiu em 1962, após 430 usos das jaqueta cruzmaltina. Foram 10 anos na Colina, onde colecionou os títulos de campeão dos torneios Quadrangular do Rio de Janeiro, Octogonal do Chile e Rivadávia Corrêa Meyer, em 1953; dos Campeonatos  Carioca de 1952/1956/1958; do Torneio Rio-São Paulo de 1958; dos Torneios de Paris e de Santiago do Chile, e do Trofeu Teresa Herrera, em 1957.
Casado com Giselda Rodrigues de Oliveira e pai de Carla e Hideraldo Júnior, o zagueirão vascaíno “era um capitão e líder tão respeitado, que ninguém adotava nenhuma postura sem antes falar com ele”, contou o principal artilheiro da temporada carioca de 1962, Saulzinho
 Pelos esquemas táticos de sua época vascaína, Bellini era obrigado a ser uma espécie de “cão pastor alemão”. Não podia atacar e nem cair para as laterais. Tinha que marcar o centroavante, geralmente, um sujeito alto e forte. Decidido, não tinha a vergonha de bater de bico na bola. Atuava com tanta disposição, que ganhou o apelido de “Boi” e teve o osso malar afundado e um menisco rompido.
GOLEADOR - Antigamente, zagueiro  ficava lá atrás e só tomava conta de sua área. Dificilmente, fazia gol. O capitão cruzmaltino, Hideraldo Luís Bellini, no entanto, teve dia de comparecer ao barbante.
No entanto, em 1º de novembro de 1961,  uma quarta-feira, Bellini saiu do time “gol zero”. Jogava, pelo Vasco, amistosamente, no Estádio Centenário, em Montevidéu, contra o Nacional local.  O placar já mostrava 2 x 0 para os anfitriões, quando uma bola sobrou para o grande capitão vascaíno, que se mandou para o ataque, como não era um seu costume. De repente, já estava ele próximo da área “uruguaya”. Mandou uma sapatada, diminuindo o marcador. Entusiasmado com o lance inusitado, a sua turma foi à  frente e o meia baixinho baiano Viladônega empatou a contenda: 2 x 2.
Além do Vasco, Bellini jogou, ainda, pelo São Paulo e o Atlético-PR. Mas foi quando ainda era cruzmaltino que fez as três maiores partidas de sua carreira, conforme contou à antiga “Revista do Esporte”, uma publicação carioca que rolou entre 1959 e 1970. Ele apontou as partidas Brasil 1 x 0 Peru, que valeu a classificação à Copa do Mundo de 1958, e depois jogos daquele Mundial, na Suécia, Brasil 2 x 0 União Soviética e Brasil 5 x 2 França.     



Na entrevista, Bellini contou que a fama que cercava a seleção soviética (naquela época, Moscou controlava uma união várias repúblicas, atualmente, independentes) a indicava como provável carregadora da Taça Jules Rimet, criando um clima de muita expectativa pela partida e até influenciando jogadores mais experientes. “O fato de atuar ao lado de Orlando (Peçanha de Carvalho, companheiro na zaga do Vasco), muito facilitou o meu trabalho, mas nessa partida estive bem, quer nas marcações, coberturas e antecipações”.
Sobre seu terceiro grande jogo, o ex-capitão da “Turma da Colina” relatou à RE: “A defesa da Seleção Brasileira passou por severo teste e foi aprovada. A França apresentou, naquela ano, uma linha de ataque realmente endiabrada. Conseguimos (mesmo tendo sofrido dois tentos), praticamente, anular todo o perigo que eles representaram para o nosso arco. Fui feliz, pois Fontaine (Just, o artilheiro do Mundial-58, com 13 gols, ainda insuperados e que atuou bem naquele dia) não pode realizar tudo aquilo que vinha fazendo e, em grande  parte, por minha causa”. Grande Bellini!   

   

Um comentário:

  1. Caro Mariani,

    Suas materias e capas antigas estao um show. Porem gostaria de pedir que voce consertasse o erro de digitacao no nome completo do Orlando, na primeira linha do artigo. Nao ficou bem...

    Um abraco,

    Mauro

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