Vasco

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

O "ASIÁTICO" MARTIM FRANCISCO

Em fevereiro de 1957, surgiu um vírus na China. Em abril, este chegou a Hong Kong e a Singapura. Só em maio a Organização Mundial de Saúde ficou sabendo dele, que já estava a caminho da Índia e da Austrália. Em junho, cobria todo o Oriente. Entre julho e agosto, o continente africano. Pelos meses seguintes, Europa e Estados Unidos.
Em menos de 10 meses, o ataque viral atingia não menos de 20% das pessoas dos locais citados acima, sendo que, em alguns países, até 80%. Durante a farra viral, dois milhões de vidas deixaram este planeta. Foi o reinado do terror da gripe asiática.
 Enquanto a “gripagem” assolava Portugal, fortemente, em setembro, a tabela do primeiro turno do Campeonato Carioca-1957 marcava para o dia 22 daquele mês o “clássico” Vasco da Gama x Botafogo.  O Rio de Janeiro, também, já sofria com o problema. Chegou-se até a pensar em suspensão da disputa.
Martim Francisco reproduzido
 de "Manchete Esportiva"
 Entre Vasco da Gama e Botafogo, o vírus preferira visitar São Januário e, entre os atacados, deixara o treinador Martim Francisco. Também, o goleiro Carlos Alberto Cavalheiro, o defensor Laerte e o atacante Vavá. Grande picada, do ponto de vista alvinegro.
 Rola o vírus, e temendo, principalmente, não terem o treinador Martim Francisco comandando a moçada durante o clássico, os dirigentes vascaínos tentaram não jogar naquele 22 de setembro. No entanto, o Botafogo, inteiro e líder da competição e tendo a chance de encarar um adversário “descangalhado”, não topou adiar a partida, para a qual o árbitro escalado, Antônio Viug, também, fora tirado de cena pela “asiática”.
 Mas o departamento médico de São Januário foi competente e deixou Martim Francisco, pelo menos, em condições de ir para o jogo.  Ir, ele foi, mas passou maus momentos durante o primeiro tempo. Além da carcaça não estar em seus melhores dias, o “garoto do placar” ajudou a piorar a sua situação. Naquela etapa, Garrincha abriu a conta e a defensiva cruzmaltina cometeu um pênalti, que Didi, com classe, aproveitou bem: 2 x 0.
Sem o seu goleiro titular e o seu goleador, Vavá, substituídos, respectivamente, por Hélio e Livinho, o “asiaticado” Martim Francisco foi para o vestiário sem sem ver boas perspectivas para a sua rapaziada, durante a etapa seguinte. E, já que só via “nuvens carregadas” sobre a sua cabeça, adotou posição perigosíssima, surpreendendo torcedores e imprensa: mandou a sai turma atacar.
Pinga marcou o gol "asiático" que deu o empate ao Vasco
Ao ver a ousadia do combalido adversário, o treinador botafoguense, Zezé Moreira, que adotava a marcação por zona, gostou. Achou que seria a chance de disparar uma goleada. Só que a moçada de Martim Francisco foi mais competente. Livinho diminuiu a conta e Pinga, em grande jogada individual, deixou tudo certo no caderninho: 2 x 2, uma autêntica vitória para o  mutilado “Almirante”.
 Wilson Lopes de Souza, que foi chamado por “ladrão” pelos dois times, dirigiu o pega que rendeu a sensacional soma de Cr$ 1 milhão, 453.mil, 403, cruzeiros e teve os dois times formando assim: VASCO DA GAMA: Hélio, Paulinho e Bellini; Cléver, Laerte e Orlando Peçanha; Sabará, Livinho, Almir, Valdemar e Pinga. BOTAFOGO: Amauri, Thomé e Nilton Santos; Servílio, Beto e Pampolini; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Édson e Quarentinha.
Pelo jeito, a gripe asiática foi um “reforço de última hora”, com o qual não contava o Vasco de Martim Francisco.

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