Vasco

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O INGÊNUO GENUÍNO



Genuíno não via jogador com mercadoria, para ser vendido 

Quem pensa que Garrincha foi o mais ingênuo dos atletas doa futebol brasileiro, com certeza, não leu a reportagem que “O Cruzeiro” publicou em sua edição de 1º de agosto de 1953, sobre o atacante Genuíno. Bem ao seu estilo, de privilegiar uma boa pauta, a revista revela um futebolista que vivia, completamente,  no “mundo da lua”, talvez, até mais distante.
  Autêntico mineiro desconfiado, segundo o texto de Álvares da Silva, o atacante   Genuíno, malmente, abriu a boca para responder-lhe. Com muita boa vontade, exercitou monólogos, muxoxos e acenos com a cabeça. E já foi demais, para quem tinha dentes a menos à mostra. Por intermédio da reportagem intitulada “Genuíno, o último dos moicanos”, o jornalista mirou o derradeiro índio norte-americano que poderia contar a história de uma tribo devastada pelos invasores de suas terras. Sim, duas décadas após o advento do profissionalismo no futebol brasileiro, aquele atacante do Vasco da Gama declarava guerra à transferência paga de um atleta, de um clube para um outro (a venda do passe, instituição extinta pela Lei Pelé (Nº 9.615, de 24 de março de 1998), pois não compreendia como se podia vender alguém.
  Álvares da Silva foi a Sete Lagoas, com os fotógrafos Luís Carlos e Eugênio Silva, conhecer o mundo de Genuíno. Ali, do prefeito João Herculino, ao mais humilde dos torcedores do Bela Vista, clube local que defendera, todos eram seus fãs. Para o atleta, que não sabia (e não queria saber) o que seria contrato com opção, ou passe com preção estipulado, tanto fazia jogar pelo pobre Bela Vista local, ou pelo multimilionário (na época) Vasco da Gama. Futebol, para ele, deveria ser diversão, nunca um emprego. Este era entrar em seu caminhão fargo e transportar cargas, ajudado pelo irmão Toninho.
 COANVENCIDO - De tanto “furar gols”, como falava, pelo Bela Vista, o inocente Genuíno mexeu com o amigo Waldemar, que o convenceu, em 1951, a defender o Madureira, no Rio de Janeiro. Portanto, bem antes de surgir Garrincha. Ganharia “12 contos de réis” mensais, o que lhe permitiria, como pretendia, dar uma casa à sua paupérrima família, apurou o repórter de “O Cruzeiro”, informando no texto que ao teto salarial dos jogadores cariocas da época era de Cr$ 7 mil cruzeiros.
O prefeito de sua terra lhe rendia homenagem
Mas que rolou? Genuíno deixou tudo por conta de um amigo advogado, que não tinha intimidades com a rabulice esportiva, e o presidente do Madureira, o bicheiro Anastácio Moscoso, o prendeu no profissionalismo, pagando-lhe, no dizer do atleta, “onze contos, oitocentos e oitenta, por mês”,, dos quais 120 eram descontados para o antigo IAPC, um instituto de aposentadoria,
  Genuíno de Souza Carvalho, o Genu, terminou despertando a atenção do Vasco, clube para o qual o Madureira revelava jogadores, como os destacados Isaías, Lelé e Jair Rosa Pinto, na década-1940. E foi para São Januário, engabelado e emprestado, de outubro de 1952, a junho de 1953, com o “Madura” recebendo, sem ele saber, 200 mil. Mas bastou  saber que Moscoso exigia mais 300 ml para vender o seu passe, para o rolo ralar. Ameaçou ir embora para Sete Lagoas. Se ele não custara nada ao Madureira, porque este iria ganhar dinheiro às suas custas? Ele não era mercadoria. Isso não existia em Jequitibá, o vilarejo onde nascera, às margens do Rio das Velhas. 
 CAMINHONEIRO - Genuíno, mesmo sendo um goleador, bom centroavante, queria era ser motorista. Quando o ônibus vascaíno estava pronto para levar a rapaziada ao estádio, ele brigava para ir dirigindo. Certa vez, repetiu uma fuga para Sete Lagoas. Foi na época em que “O Cruzeiro” o entrevistou. Pegou carona, em um caminhão, e se mandou. Um dia reapareceu em São Januário, prometendo corrigir-se e foi perdoado pelo técnico Flávio Costa, a quem recompensava com frequentes gols. Seu treinador gostava dele, porque o via como um centroavante que “metia os peitos”. Jogou em uma formação que saía assim: Barbosa, Augusto e Haroldo; Mirim, Danilo e Jorge. Sabará, Maneca, Genuíno, Ipojucan e Chico.
Genu fugia dos microfones dos repórteres, das câmeras fotográficas e não tomava conhecimento do público nos estádios. Seu negócio era só “furar gols”, garantiu “O Cruzeiro” que, pouco tempo depois, teria Garrincha por motivo para novas pautas parecidas.

6 comentários:

  1. eu me lembro q o atacante genuíno causou uma tremenda briga jurídica envolvendo fluminensexbotafogo.entenda:1)um caminhão estaciona na rua conselheiro Galvão.2)seus ocupantes começam a bater bola na calçada.3)o presidente do Madureira,sr.moscoso,chega ao clube para o expediente.4)vendo o "matuto"genuino fazer firulas com a bola,convida-o para treinar no clube.5)domingo jogo madureiraxbotafogo.estréia de genuíno q marca dois gols e tira a chance do botafogo de disputar o título contra o fluminense.6)avisado por alguém da federação o botafogo questiona a vitória do tricolor suburbano.genuino foi regularizado muito rápido.7)o fluminense assume a causa do Madureira e vence no tapetão.ivan zaki taam

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    1. No Facebook inseri a história que sei sobre Genuino, pode haver erros, mas o que meu pai contou, sei de cor.

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    2. No Facebook inseri a história que sei sobre Genuino, pode haver erros, mas o que meu pai contou, sei de cor.

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  2. Meu pai jogou no juvenil do Democrata de Sete Lagoas/MG cujo principal adversário era o bela Vista, onde jogava Genuino. Segundo meu pai, zagueiro, entrava nele para quebrar e não o achava, que era um outro Pelé. Enquanto Genuino estava no juvenil do bela Vista (rivalidade enorme como Democrata, o bela Vista tinha a maior torcida na região,era o time do povão e o Democrata das elites. O democrata foi vice-campeão mineiro. Certa feita nosso carro estragou (1978) na BR 040, nos ofereceram carona e ao entrar no carro o motorista disse a meu pai: "Ô praga, c~e num tá me conhecendo não" meu pai disse não e o motorista disse: "Minhas canelas estão cheias das marcas das travas de suas chuteiras..." Era Genuino. Meu pai aos 16 anos foi convidado para jogar no Atlético e no América MG , mas meu avô não deixou, à época o clássico das multidões, os 2 grandes de Minas Gerais eram América e Atlético.

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    1. Ola Rodrigo tudo bem? Fantastica história! Qual o nome do seu pai e em que ano ocorreu esse fato?

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  3. Meu pai jogou no juvenil do Democrata de Sete Lagoas/MG cujo principal adversário era o bela Vista, onde jogava Genuino. Segundo meu pai, zagueiro, entrava nele para quebrar e não o achava, que era um outro Pelé. Enquanto Genuino estava no juvenil do bela Vista (rivalidade enorme como Democrata, o bela Vista tinha a maior torcida na região,era o time do povão e o Democrata das elites. O democrata foi vice-campeão mineiro. Certa feita nosso carro estragou (1978) na BR 040, nos ofereceram carona e ao entrar no carro o motorista disse a meu pai: "Ô praga, c~e num tá me conhecendo não" meu pai disse não e o motorista disse: "Minhas canelas estão cheias das marcas das travas de suas chuteiras..." Era Genuino. Meu pai aos 16 anos foi convidado para jogar no Atlético e no América MG , mas meu avô não deixou, à época o clássico das multidões, os 2 grandes de Minas Gerais eram América e Atlético.

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