Vasco

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domingo, 10 de maio de 2015

DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - MARIA BONITA E MULHERES DO CANGAÇO

 Maria Bonita foi uma bandida, ou, simplesmente, uma analfabeta que acompanhava o seu  homem por onde ele andasse, sem se importar com o que ele fazia? A heroína Anita Garibaldi, que tem estátua em praça pública, na catarinense  Laguna, teve trajetória assim. Só fez acompanhar Giuseppe Garibaldi, um conenado à forca, que fugiu da Itália, para toranr-se herói farrapo dos gaúchos que enfrentaram as forças do império brasaleiro. Por ali, Anita trocou alguns tiros, de longe e de dentro de uma embarcação, com as tropas legais. Logo, naquele momento, era uma bandida.
 Maria Bonita e Antia Garibaldi são semelhantes até em outro iten: eram mulheres de sapateiros e abandonaram os seus maridos por causa de um outro macho. Talvez, mereça muito mais apreço do que elas uma outra mulher valente, a baiana Maria Quitéria, que também, encarou a luta por uma ideologia. Mas isso é uma outra história.
Maria Bonita, em foto da Aba Filme, do Ceará,
 reproduzida  da revista 'O Cruzeiro',
 de 03.10.1953, à página 41
Antes de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, tornar Maria Bontia a primeira mulher no cangaço, os homens daquela vida estupravam mulheres, sem piedade. Exceções só Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Sebastião Pereira, que não permitiam aquilo. Foi o amasiamento de Virgulino com Maria Déia de Oliveira que levou outros cangaceiros a procurarem companheiras,  provodando uma grande redução da violência sexual contra elas, que tornaram-nos mais higiênicos, bem vestidos e alimentados, costurando, cozinhando e lhes dando o sexo que aflorava-lhes o desejo.
   Os cangaceiros arruavam companheiros por raptos, ou oferecimento de pais temorosos. As mulheres que mais marcaram na história do cangaço foram as parceiras de chefes importantes, entre elas, Sila, de Zé Sereno, Dadá, de Corisco, e Maria Bonita. Por sinal, a antipatia demonstrada por esta a Dadá terminou separando de seus dois amázios.
 Seguinte: raptada por Corisco, quando tinha 12 anos de idade, em 1928, Sérgia Ribiero da Silva, nascida na pernambucana Belém do São Francisco ( 25.04.1915), era a mais valente e corajosa das cangaceira. Seu nome era mais respeitado e temido do que o de muitos bandoleiros, que invejavam Corisco, por vê-la a mulher ideal para um cangaceiro. Era por aí que Maria Bonita se invocava. Não gostava do prestígio de Dadá, sua comadre. Ainda mais quando Lampião a elogiava, razão das indiretas que Dadá ouvia, sem responder, a pedido de Corisco.      
 Maria Bonita, como todas as mulheres de cangaceiros, não usava calça comprida. Era proibido. Trajava-se com saias abaixo dos joelhos, feitas de mesclas, blusa de mangas compridas, meias, perneiras de couro e sapatos ou alpercatas do mesmo material. Normalmente, dispunha de um chapéu de feltro. No pescoço, carregava lenço e adornos religiosos, bem como medalhas e correntinhas de ouro. Os cabelos eram em forma de cocó ou trança. Cabelo curto, para ela, era uma imoralidade. Vaidosa, usava perfume à vontade.
 Morador em Santa Brígida, no interior da Bahia, Maria Bonita era casada com o sapateiro Zé de Nenén, quando o abandonou para seguir Lampião. No meio do grupo, era tratada por Dona Maria, ou Maria do Capitão. Jamais por Maria Bonita. Durante os tiroteios do seu bando com a polícia, saiu ferida em em duas oportunidades. Quando da emboscada que matou Lampião, em 28 de julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, foi degolada pela volante comandada por João Bezerra.
A história de Dadá (com Corisco) virou filme,
 de Rosemberg Cariry, lançado em 1996.    
Maria Bonita passou cerca de oito anos acompanhando Lampião. Foi mãe de quatro filhos dele, todos homens e que não vingaram. Só a filha, Expedita Ferreira Nunes, nascida, em 1932, e criada pelo coiteiro de confiança de Lampião, Severo Mamede. Mais tarde, passou para a proteção  de João Ferreira da Silva, o irmão do “capitão que não entrou paras o cangaço – os outros eram Levino e Antônio.     
Dentre as lendas que correm sobre Maria Bonita, contam que a canção “Mulher Rendeira” fora bolada para ela, por Lampião. Há, também, quem atribua os versos ao cangaceiro Asa Banca. Lendas. Primeriamente, Lampião jamais mexeu com isso. Segundo, houve dois Asa Branca, um chamado Cícero Costa, que tinha seu próprio bando, mas participou de vários de ataques de Lampião, e o outro, Antônio Luís Tavares, que passou quatro anos com o “capitão”, até ser preso, em 1927.
Na verdade, o autor de “Mulher Rendeira” foi um músico da paraibana Cajazeiras, conhecido por Zé do Norte – Alfredo Ricardo do Nascimeno, que a lançou emn 1953, pelo filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, cantada pela atriz Vanja Orico, com coro do grupo “Demônio da Garoa”. Na época, Maria Bonita já não existia, há 15 anos
 

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