Vasco

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domingo, 3 de janeiro de 2016

O DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - LEILA, A PRIMEIRA GUERRILHEIRA DA TV

 Inserir esta atriz no rol de grandes mulheres, como a princesa Leopoldina, a freira Joana Angélica e a guerreira Maria Quitéria seria um exagero? A primeira uniu-se a José Bonifácio de Andrada para fazer Dom Pedro I proclamar a independência do Brasil; a segunda enfrentou tropas portuguesas e foi assassinada por não permitir a violação do seu convento e a terceira fugiu de casa e passou-se por homem para lutar pela independência brasileira, tornando-se a primeira mulher de uma unidade militar do país. Tudo ao seu tempo tem o seu devido valor. Seguramente, hoje, a imprensa nem divulgaria que determinada mulher alistou-se nas Forças Armadas para ir à guerra. 
Leila Roque Diniz usou os seus 27 anos de vida para lutar contra os jovens não suportavam mais, as chamadas “caretices” da sociedade conservadora brasileira, isto é, os tabus mantidas por uma ditadura militar que censurava até palavras.
Leila, nascida em 25 de março de 1945, em Niterói-RJ,  chegou ao mercado de trabalho atuando junto à meiguice das crianças, como professoras de jardim de infância de subúrbio. Aos 17 anos de idade, casou-se com o cineasta Domingos Oliveira. Três anos depois, terminado o casamento, passou a ganhar a vida como atriz teatral, passando, em seguida, pela TV e o cinema, período em que casou-se, novamente, com um ouro cineasta, Ruy Guerra, com quem teve a filha Janaína. Participou de várias peças teatrais, 12 telenovelas e 14 filmes na telona, tendo um deles, “Mãos Vazias”, lhe valido um prêmio de melhor a triz, que foi buscar na Austrália e foi tragada por um desastre aéreo, na volta, em 14 de julho de 1972.
 Leila Diniz era mulher de personalidade forte, ousada. Derrubou vários tabus, pois não admitia ser  refém de convenções, ditames de sociedades conservadoras. Pensando assim foi que declarou, em 1969, ao tabloide “O Pasquim”, feito por intelectuais cariocas: "Você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo".   

Ao fundo, a cena original

 A entrevista de Leila ao jornal fez os militares instaurarem censura prévia à imprensa, o que os jornalistas passaram a chamar de “Decreto Leila Diniz”. Valeu-lhe, ainda, perseguição pela polícia política da ditadura, levando-a a esconder-se no sítio de um colega de trabalho. E o pior: perdeu o emprego na TV, por “razões morais”. Depois disso, não conseguia mais do que ser jurada de programas de auditório, pois os “homens” que a censuravam a acusavam de ter ajudado militantes de esquerda.
 Hoje, assim como não escandaliza mais dizer, pela imprensa, que transa pela manhã, tarde e noite, como Leila disse, também não envergonha a nenhuma mulher ir à praia de biquíni, exibindo um tremendo barrigão. Por sinal,  esta é uma das cenas marcantes, interpretada pela atriz Louis Cardoso (foto divulgação), no filme "Leila Diniz",  de 1987, dirigido por Luiz Carlos Lacerda, e que agradou muito à plateia brasileira.   


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