Vasco

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segunda-feira, 4 de abril de 2016

O VASCO NOSSO DE CADA DIA - 04.03

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reescreverrJoão Farias Filho nasceu dia 11 de dezembro de 1940, na cidade de Santos – SP. Era um líder nato e um volante com estilo clássico, que mesclava técnica e inteligência na composição do setor. Começou sua carreira na Portuguesa Santista em. Nessa época foi campeão sul-americano com a seleção militar, em 1959. Jogando ao lado de Pelé, ajudou a seleção a bater a Argentina na final, por 2 a 1.

VASCO DA  GAMA

                No ano seguinte já estava jogando no Vasco da Gama, que na época tinha um grande time; Humberto, Paulinho Almeida, Brito, Nivaldo e Dario; Barbosinha e Lorico; Sabará, Saulzinho, Vevé e Da Silva.  Dentro da inexpressiva década vascaína de 1960, o ano de 1965 talvez tenha sido um dos mais significativos para o time de São Januário. Em comemoração  ao  quarto  centenário  da  Cidade do Rio de Janeiro, foi organizado  um  grande  torneio  contando  com o Vasco, Flamengo e a  Seleção da Alemanha  Oriental.  O  Vasco  venceu  o  Flamengo  e a seleção alemã, conquistando, de forma sensacional o título de Campeão do Troféu Quarto Centenário

               Lorico estreou no Vasco contra o Real Madrid no Maracanã em amistoso ocorrido em 08 de fevereiro de 1961 e que levou ao Maracanã mais de 100 mil espectadores. Foi apontado na ocasião como “La Saeta Morena” em alusão a Puskas, tido pela imprensa espanhola como “La Saeta Rubia” (A Flecha Loira) trazendo ao amistoso uma curiosa disputa encerrada sem vencedores. O placar final da partida foi 2 x 2. Lorico se manteve como destaque do meio campo vascaíno durante a primeira metade dos anos 60 até ser negociado no meio da temporada de 1966 com a Prudentina de São Paulo.

               Conquistou com a camisa cruzmaltina, além de 3 torneios internacionais e 2 nacionais, a Taça Guanabara de 1965 que deu oportunidade ao Vasco disputar e chegar à final do Campeonato Brasileiro de 1965, além do Torneio Rio-São Paulo de 1966. Depois de seis anos no Rio de Janeiro,   retornou à São Paulo e foi jogar na Prudentina, de Presidente Prudente, interior paulista e não demorou muito para um time grande da capital se interessar por seu futebol, a Portuguesa.

PORTUGUESA

               No ano seguinte, 1967, já estava atuando na Portuguesa de Desportos, onde jogou com excelentes jogadores. O time da Lusa daquele ano era; Felix, Zé Maria, Marinho Peres, Ulisses e Augusto; Lorico e Paes; Ratinho, Leivinha, Ivair e Rodrigues. Realmente um grande time, sendo que cinco chegaram a vestir a camisa da Seleção Brasileira e disputar uma Copa do Mundo. Mas, assim como no Vasco, Lorico também não conquistou nenhum título importante. A Lusa do Canindé só veio a conquistar um título paulista, justamente quando Lorico já havia deixado o clube. Título este que até hoje é comentado pelo erro matemático do árbitro Armando Marques. Vale a pena lembrar como tudo aquilo aconteceu, afinal, este jogo entrou para a história do futebol brasileiro.

               O jogo começou e aos poucos cada clube foi exibindo suas armas. Debaixo dos três paus, o santista Cejas, e Zecão, da Portuguesa, tiveram muito trabalho para barrar as investidas de cada ataque. A bola viajou por todos os cantos do campo, mas não quis atravessar a linha do gol. A trave, por muitas vezes, impediu o grito da torcida. Um gol anulado marcado pelo atacante Cabinho poderia dar o título para a Lusa no tempo regulamentar. Os 90 minutos se encerraram e o placar não saiu do zero a zero. Mesmo na prorrogação, os times continuaram a medir forças sem resultado. E assim, a partida caminhou inevitavelmente para a decisão por cobranças de pênaltis. Começou o ritual de cobranças.  De cara, os dois times desperdiçaram. Zero a zero. Na seqüência, o Santos marcou e a Portuguesa desperdiçou. Um a zero para o Peixe.

               Na cobrança seguinte, o Santos voltou a marcar e a Portuguesa perdeu pela terceira vez. Dois a zero para o time da Vila Belmiro. Para espanto de todos, Armando Marques ergueu os braços e encerrou a partida dando vitória ao Santos. Os santistas nem perceberam que ainda faltava uma cobrança e começaram a comemorar o título. Otto Glória, técnico da Lusa, percebeu o erro e ponderou que seu time tinha poucas chances de reverter a situação. Antes que seus jogadores fizessem algum tipo de reclamação, mandou todo mundo para o vestiário e, de lá, direto para o ônibus, para que o árbitro não tivesse oportunidade de reparar a sua falha.

               Enquanto isso, a imprensa invadiu o campo para entrevistar os jogadores, como é de praxe ao final das partidas. Os poucos que perceberam o erro espalharam a notícia. Logo, o comentário chegou aos ouvidos de Armando Marques. Conforme o previsto por Otto Glória, ele foi realmente ao vestiário pedir para que o time voltasse a campo, mas não havia mais ninguém lá. Criou-se, então, um impasse sobre o que fazer. Os organizadores do campeonato reuniram-se rapidamente para chegar a um consenso. Alguns queriam a realização de um novo jogo.  Para o bem de todos e felicidade geral das duas torcidas, ficou acertado que, graças ao grosseiro erro do juiz Armando Marques, o ano de 1.973 teria dois campeões paulistas: Santos e Portuguesa.

               Por que o título foi dividido?  O árbitro Armando Marques interrompeu a decisão por pênaltis, quando o Santos vencia por 2×0, e a Portuguesa ainda tinha duas cobranças para fazer. Portanto, se o Santos perdesse as duas cobranças que faltavam e a Portuguesa convertesse as suas, a decisão terminaria empatada, levando para as cobranças alternadas. No dia seguinte, a Federação Paulista proclamou campeãs as duas equipes e a pela primeira vez na história o título paulista foi dividido entre duas equipes. Contudo, vale a pena ressaltar que outros campeonatos já haviam sido decididos desta forma, como o Rio-São Paulo, que chegou a ter quatro campeões no mesmo ano. Este jogo aconteceu dia 26 de agosto de 1973.

               Lorico deixou a Lusa exatamente no dia 13 de setembro de 1972, quando foi dispensado pelo então presidente da Lusa o senhor Oswaldo Teixeira num dos episódios mais marcantes da história do clube quando, numa partida válida pelo Campeonato Brasileiro, a Portuguesa foi derrotada pelo Santa Cruz, por 1 a 0, no Parque Antártica. O presidente ficou tão irritado com a atuação da equipe, que dispensou seis jogadores do elenco, dentre eles Lorico. Devido à esta atitude do presidente, o episódio ficou marcado para sempre como “A Noite do Galo Bravo”.

INTERIOR

               Após deixar o Canindé, Lorico voltou para o interior. Foi defender as cores do Noroeste de Bauru, onde jogou por mais três anos. Mesmo em um clube de pouca expressão, era sempre citado com um dos melhores na posição durante os campeonatos paulistas em que atuou pelo time de Bauru, levando o time a vitórias históricas. Ao sair de Bauru em 1976, recebeu um convite do Botafogo de Ribeirão Preto, o que aceitou prontamente. Já bastante experiente, aos 38 anos, resolveu encerrar sua carreira defendendo, ainda, o Botafogo. Isso aconteceu no ano de 1978 e Lorico pode acompanhar o surgimento de jogadores como Sócrates, irmão de Raí, que na época dava seus primeiros passos no estádio Santa Cruz.

               E foi no Botafogo que Lorico passou a ser visto como um autêntico maestro em campo. Era ele quem comandou o time, para muitos o melhor da história do clube, que conquistou o primeiro turno do Campeonato Paulista e tinha nomes como o goleiro paraguaio Aguilera, o ponta direita Zé Mário (que chegou a ser convocado para treinos visando à Copa de 78, mas faleceu prematuramente vitima de leucemia) e o atacante Sócrates, que explodiu defendendo o Corinthians e a Seleção Brasileira nas Copas de 82 e 86.  Em 1979, Lorico resolveu pendurar as chuteiras.

              Sua última partida aconteceu no dia 17 de dezembro de 1978, quando o Botafogo jogando em seu estádio Santa Cruz, perdeu para a Portuguesa Santista por 1 a 0, gol de Jarbas aos 38 minutos do segundo tempo.  Depois que encerrou a carreira, foi trabalhar na Cosipa, na cidade de Santos, onde passou a residir no bairro do Marapé e por lá se aposentou em definitivo, depois de receber três pontes de safena.

lORICO VIVEU ATÉ20 de dezembro de 2010, QUANDO TINHA 70  de idade. Foi jogador que se notabilizou pela liderança nas equipes que atuou. Era um volante com estilo clássico, que mesclava técnica e inteligência na composição do setor.               O Dr. Sócrates nunca escondeu a influência que Lorico teve no seu comportamento no início da sua carreira nos gramados do estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto. O refinado toque de bola e a impressionante qualidade técnica eram as principais características de um dos maiores jogadores da história do Botafogo. Lorico, conquistou a torcida do Tricolor em apenas dois anos, torcida esta que hoje lamenta pelo falecimento de seu eterno maestro.

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