Vasco

Vasco

domingo, 30 de outubro de 2016

DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - AS ESPIÃS QUE SABIAM DEMAIS-8

Fluente nas línguas hebraica, persa, árabe, turca e em vários dialetos das tribos que viajava no lombo do camelo –  além de ter sido a primeira mulher classificada em primeiro lugar em História Moderna, pela Universidade de Oxford –, ninguém poderia ajudar mais ao Foreign Office britânico  em sua política para o Oriente Médio do que Gertrude Bell. Ela sabia de tudo sobre as terras e o povo dali.
 Pelos inícios da segunda década do século XX, a inteligência britânica precisava descobrir se o Império Otomano se aliaria à Alemanha e o que as tribos árabes fariam no caso de uma guerra entre ingleses e turcos. Para isso, reuniu as pessoas mais experientes em assuntos do Oriente Médio e criou o Gabinete Árabe, do qual Gertrudes emergiu como estrela. Os seus tantos anos na região lhe permitiram reunir todas as informações importantes sobre planejamentos árabes, disposições militares e planos turcos, e uma grande rede de informações entre colonos sionistas na Palestina.   
Com os ingleses não admitiam a perda do controle do Canal de Suez, entre o Egito, e Gertrudes Bell previa que os turcos se aliariam aos alemães para dominá-lo, ela recebeu o posto de major do exército britânico, para ajuda-lo a manter o domínio de Sua Majestade sobre a hidrovia  vital para o comércio regional. No entanto,  houve discórdias com os oficiais britânicos. Bell insista pela contratação de combatentes árabes, alegando que estes odiavam os opressores turcos e fariam de tudo para livrarem-se deles, enquanto os militares os viam, meramente, como selvagens sujos e divididos em muitas clãs de tribos sem nenhuma utilidade.  
 Sabedora de que o militar turco andava disperso e sem armas modernas, Bell propôs um novo plano, uma ação secreta de guerrilha, tipo da usada pela Espanha para derrotar a França napoleônica na Península Ibérica. Novamente, os comandantes do exército britânico divergiram dela, considerando os espanhóis camponeses ignorantes e incapazes de lutar uma grande luta. A insistência de Bell e o seu respeito por altos oficiais, no entanto, fizeram-na vencer a queda de braço.
  Isso aconteceu dentro do que ficou conhecido por Revolta Árabe (1916/1918) contra a opressão turca. Com o apoio do líder Amir Faisal bin Hussain, a incansável Bell buscou o seu colega arqueólogo britânico Thomas Edward Laurence, major e espião amador, para conselheiro militar do primeiro, e o cara teve uma atuação tão espetacular que passou à história como “Lawrence da Arábia”.
Como os britânicos ganharem aquela luta, com a ajuda dos árabes, acabaram-se as divergências entre os seu oficiais e Gertrude Bell, certo? Errado! Tanto ela quanto Lawrence ficaram decepcionados com a política pós-guerra do seu povo para o Oriente Médio, não levando em conta as aspirações árabes. Bell deixou de ser ouvida e tornou-se inútil. Abatida e não vendo nada do que desejava para as terras do deserto, em julho de 1926, ela suicidou-se.      

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário