Vasco

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quarta-feira, 31 de maio de 2017

O GOL MAIS BONITO DE VÁLTER MARCIANO

Meia-armador, Válter era santista e foi buscado pelo Vasco para arrumar a ligação de sua defesa com a rapaziada da frente, numa fase em que a "Turma da Colina" passava por uma entressafra. Com o final do "Expresso da Vitória", o time quase imbatível, em 1952, os novos tempos eram de estudos e tentativas para dar uma nova "esquadra" forte ao "Almirante".
Válter caiu muito bem na "meiuca" vascaína, chegando a marcar seis gols nos primeiros sete jogos do Campeonato Carioca de 1955, um a menos do o líder do pelotão de fuzilaria. Foi diante do São Cristóvão, pela terceira rodada, em 21 de agosto, que ele marcou o que considerou o seu tento mais bonito.
Conforme narrou para o repórter Sérgio Lopes, para o Nº 912, de "Esporte Ilustrado", no lance, Laerte lançou Sabará, que escapou, pela ponta direita, e cruzou bola aérea para a área dos "Alvos", encobrindo o zagueiro Jorge, que pulou e não achou a pelota. Acompanhando tudo, Valter mandou uma bicicleta e a bola para o canto direito do inapelavelmente batido goleiro Neném. O tento saiu quando o placar era 1 x 0.
Gráficos desenhados por William
  O belo gol faz parte da história do estádio da Rua São Januário (fundos), foi apitado por Ivan Capeletti, rendeu Cr$ 88 mil,741 cruzeiros (a moeda da época) e teve Válter saindo por três vezes para o abraço – Pinga e Parodi completaram os 5 x 0 da rodada em que o técnico Flávio Costa escalou: Vítor Gonzalez, Paulinho e Haroldo; Laerte, Orlando e Dario; Sabará, Valter, Ademir Menezes, Pinga e Parodi.    
O gol mais bonito era uma das atrações para os leitores da revista
    

Midfielder, Valter was a Santista and was sought by Vasco to fix the connection of his defense with the boys from the front, at a stage when the "Turma da Colina" was going through an offseason.
With the end of the "Express of Victory", the team almost unbeatable in 1952, the new times were studies and attempts to give a strong new "squad" to the "Admiral."Válter fell very well in the Vasco "meiuca", reaching to score six goals in the first seven games of the Carioca Championship of 1955, one less than the leader of the firing squad.
It was against St. Kitts, for the third round, on August 21, that he scored what he considered his most beautiful goal.As he told reporter Sérgio Lopes – No. 912, in "Esporte Ilustrado" – Laerte sent Sabará, who escaped on the right wing and crossed the ball into the "Targets" area, covering defender Jorge, Who jumped and did not find the ball. With everything in hand, Valter sent a bicycle and the ball to the right corner of the ineluctably beaten goalkeeper Neném.
The goal came out when the score was 1 x 0.
The beautiful goal is part of the history of the Rua São Januário stadium (funds), was nicknamed by Ivan Capeletti, earned Cr $ 88 thousand, 741 cruzeiros (the currency of the season) and had Valter coming out three times to embrace - Pinga and Parodi completed the 5 x 0 of the round in which coach Flávio Costa climbed: Vítor Gonzalez, Paulinho and Haroldo; Laerte, Orlando and Dario; Sabará, Valter, Ademir Menezes, Pinga and Parodi.
The most beautiful goal was one of the attractions for the magazine readers


 

terça-feira, 30 de maio de 2017

ALMIRANTE CONTRA O 'MANÉ'

O Campeonato Carioca de 1953 ganhara uma grande atração: um cara todo torto, pela ponta-direita do ataque do Botafogo. Chamado, inicialmente, pela imprensa, por Gualicho, o nome de um cavalo de corridas, ele consagrou-se mesmo foi com o apelido de Garrincha. Na verdade, Manoel dos Santos.
Garrincha, apelidado, algum tempo depois,  por Mané Garrincha, vestira a camisa alvinegra, pela primeira vez, em uma partida do time de aspirantes, vencendo o Avelar, por 1 x 0, em 21 de junho daquele 1953. Passado uma semana, já estava no time profissional, ajudando a golear o Cantagalo, por 5 x 1. Oficialmente, a estreia seria em 19 de julho, ainda de  1953. pelo Campeonato Carioca, marcando três gols nos 6 x 3 sobre o Bonsucesso.

Em 27 de dezembro daquela temporada, Garrincha estava no 1 x 1, com o Vasco, no Maracanã. Ele vinha sendo um demônio de pernas tortas naquele campeonato, quando marcou 20 gols em 27 jogos – dois a menos do que o principal artilheiro da competição, o paraguaio Benitez, do campeão Flamengo. Com 37 pontos, os alvinegros (16 vitórias, 5 empates, 6 derrotas, 59 gols pró e 28 contra) ficaram em terceiro lugar, deixando o Vasco, com 34 pontos, em quarto lugar (12 vitórias, 10 empates, 5 derrotas, 68 gols pró e 40 contra).
No entanto, na primeira temporada de Garrincha, que viria a ser um dos maiores astros da história do futebol, ele não venceu os vascaínos, dos quais, por sinal seria um grande freguês. Em 20 jogos, entre 1953 e 1965, pelo Botafogo, perdeu 20, empatou sete e ganhou 10. Depôs, o Mané, perderia, por 3 x 0, defendendo o Corinthians, em 1966, e por 2 x 0,em 1968, por 2 x 0, pelo Flamengo – pelos alvinegros, a última partida contra o Vasco foi em 5 de setembro de 1961, caindo, por 2 x 1, na final da I Taça Guanabara.  

Vasco 1 x 1 Botafogo,  segundo jogo de Garrincha contra a “Turma da Colina”, valeu pelo terceiro turno do Cariocão-1953, no Maracanã, apitado por Alberto da Gama Malcher. Rendeu Cr$ 765 mil, 690 cruzeiros e 60 centavos e teve gols vascaíno de Alvinho (foto/D) e alvinegro de Carlyle, ambos no segundo tempo. Flávio Costa era o treinador da cruz de malta, com seu time sendo: Osvaldo Baliza, Beto e Haroldo; Ely, Mirim e Jorge; Sabará, Vavá, Alvinho, Pinga e Djayr. O Botafogo teve: Gilson, Gérson, Nílton Santos, Arati, Bob, Juvenal, Garrincha, Ceci, Carlyle, Jaime e Vinícius. Técnico: Gentil Cardoso.
Detalhe: o primeiro jogo de Garrincha contra o Vasco foi em 15 de agosto de 1953, pela sexta rodada do primeiro turno do Campeonato Carioca, no Maracanã e a “Turma da Colina” goleou, por 4 x 1, com gols de Maneca (3) e Pinga – Vinícius fez o alvinegro. Carlos de Oliveira Monteiro apitou e a renda foi de Cr$ 777 mil, 958 cruzeiros e 70 centavos. O Vasco foi:  Ernâni, Mirim e Bellini; Ely, Danilo e Jorge; Sabará, Maneca, Ipojucan, Pinga e Alvinho. Técnico: Flávio Costa. O Botafogo contou com: Gilson, Gérson, Nílton Santos, Arati, Bob, Juvenal, Garrincha, Geninho, Dino, Ariosto e Vinícius.Técnico: Gentil Cardoso.


 
 
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segunda-feira, 29 de maio de 2017

HISTÓRIA DA HISTÓRIA - CANECADA

A data 29 de maio é gloriosa para a "Turma da Colina". Valeu dos títulos regionais, com a rapaziada carregando dois canecos paras as prateleiras da Colina. Confira:

29 DE MAIO DE 1977 - Vasco 2 x 0 Botafogo valeu a conquistou a Taça Guanabara-1977, com um cartel indiscutível. Venceu os "grandes" e distribuiu goleadas para os  "pequenos" Bangu, Campo Grande e Olaria.  A apagada da "Estrela Solitária"  foi em um clássico de casa cheia: 131.741 pagantes, valendo o caneco do primeiro turno regional. Luís Carlos Félix apitou e Roberto Dinamite emplacou as duas pipocas nas redes alvinegras. Foi ordem, do “Titio” Orlando Fantoni,  ganhar mais uma do velho freguês, obedecida por: Mazaropi; Orlando ‘Lelé”, Abel, Geraldo e Marco Antônio; Zé Mário, Zanata e Dirceu; Wilsinho (Luís Fumanchu), Ramon Pernambucano (Helinho), Roberto Dinamite.
CAMPANHA: 27.03.1977 – Vasco 2 x 1 Goytacaz; 03.04 – Vasco 6 x 0 Bangu; 06.04 – Vasco 4 x 0 Campo Grande; 10.04 – Vasco 0 x 1 América; 13.04 – Vasco 3 x 0 Olaria; 17.04 – Vasco 7 x 1 Madureira; 24.04 – Vasco 3 x 0 Flamengo;  07.05 – Vaso 1 x 0  Fluminense; 15.05 – Vasco 3 x 1 Portuguesa; 18.05 – Vasco  2 x 1 Bonsucesso; 25.05 – Vasco 3 x 0 Americano; 29.05 – Vasco 2 x 0 Botafogo.     
29 DE MAIO DE 1988 -  Em Vasco 2 X 1 Fluminense, a rapaziada conquistou  a Taça Rio. Mediado por Aloísio Viug, o clássico teve poucos corações na assistência (36.496), mas muitas emoções para a galera vascaína. 
Foi outra conquista indiscutível, pois contou com vitórias sobre os três grandes rivais. O time do técnico Sebastião Lazaroni só definiu o placar diante dos tricolores pelo final da partida. Sofreu um gol, com um minuto de bola rolando, e teve de fazer valer a sua sina de "time da virada".  Na etapa final, em dois minutos, aos 37 e aos 39, respectivamente, Vivinho e Bismarck resolveram a parada, tirando o grito de gol da garganta da galera. A “Turma da Colina” foi à luta com: Acácio; Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Zé do Carmo, Henrique e Geovani; Vivinho, Romário e William (Bismarck).
CAMPANHA: 02.04.1988 – Vasco 2 x 0 Volta Redonda; 10.04. 1988 – Vasco 0 x 1 Cabofriense; 13.04.1988 - Vasco 1 x Friburguense; 16.04.1988 – Vasco 0 x 0 Americano; 21.04. 1988 – Vasco 2 x 1 Goytacaz; 24.04.1988 – Vasco 1 x 0 Porto Alegre; 01.05.1988 – Vasco 2 x 0 Bangu;  08.05.1988 – Vasco 1 x 0 Flamengo; 14.05.1988 – Vasco  3 X América; 23.05.1988 – Vasco 3 x 0 Botafogo; 29.05.1988 – Vasco 2 x 1 Fluminense.

domingo, 28 de maio de 2017

O DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - SABRINA, A ATRIZ QUE VIVEU UM DRAMA

   Maria Lúcia Marquesine do Amaral, atriz e modelo fotográfico que usava o “nome artístico” Sabrina, conheceu e não resistiu aos encantos de um sujeito que sempre tivera fascínio misterioso sobre as mulheres. Adorou os cuidados lhe dispensados. Uma dia, porém, o sujeito mudou de modos. Durante uma discussão, agrediu-lhe, com palavrões, agarrou-lhe, pelos ombros, sacudiu-lhe, violentamente, jogou-lhe sobre uma poltrona e ameaçou quebrar-lhe todos os ossos. Ela conseguiu escapar de sua fúria e foi a uma delegacia de polícia registrar queixa.
Sabrina era atriz e modelo fotográfico
 Para o delegado de plantão, tratava-se de mais uma  briga de namorados que, depois, iam lhe encher o saco. Ainda mais porque o denunciado, Rodolfo Burgos, não tinha nenhuma passagem policial. Só que Rodolfo Burgos não era o próprio, mas Ronaldo Guilherme de Souza Castro, aquele mesmo – em liberdade condicional –, condenado pela participação na tentativa de estupro que fizera Aída Curi atirar-se do 13º andar do Edifício Rio Nobre, na carioca Avenida Atlântica, em Copacabana, no 14 de julho de 1958.
 Sabrina namorava “Rodolfo” há poucos meses. Não se lembrava, mas ele dizia tê-la conhecido, onze anos antes, quando ela era secretária de um dos seus advogados. Não dava pra reconhecer Ronaldo, pois o “Rodolfo” este era mais gordo, barrigudinho, tinha penteado diferente e não usava os óculos escuros “de playboy” que ficaram famosos na época do crime – as novas lentes, contra miopia, eram mais claras e tinham graus aumentados.
 Devido à tranquilidade que seu namorado aparentava, Sabrina não ligou muito para o fato de ele ter uma arma. Ao indagar-lhe do motivo, ele contou-lhe ter dissuadido um amigo (general), de matar um rival (major), por causa de uma mulher. A recebera, de  presente, pela sua atitude. Como o major terminou assassinado, por um tiro no peito, Sabrina ficou apavorada, intuiu que o seu amor inventara aquela história, mas ficou na dela, quietinha.

MEMÓRIA -  Condenado a 37 anos de prisão, Ronaldo apelou para novo julgamento e, em março de 1959, o advogado Romeiro Neto conseguiu inocentá-lo do crime de homicídio, ficando condenado só por atentado violento ao puder e tentativa de estupro.
 Após cinco temporadas de bom comportamento no xadrez, o juiz João Claudino, da 20ª  Vara de Execuções Criminais  do Estado da Guanabara, concedeu-lhe liberdade condicional. Mas deveria arrumar emprego – passou um tempo comprando e vendendo automóveis importados – e comprová-lo à Justiça, a cada 60 dias, bem como comunicar eventuais mudanças de endereço residencial, não frequentar locais atentatórios à moral, aos bons costumes e a ordem pública, e não usar armas de fogo. No entanto, só cumpriu o combinado por pouco tempo – voltou às manchetes, visitando à cidade, a capixaba Vitória, sem avisar às autoridades cariocas.  
  Tempos depois, houve ainda um terceiro julgamento, por homicídio simples e tentativa de estupro, e condenação a seis anos de reclusão. O promotor Pedro Henrique Miranda recorreu e aumentou a pena, para oito anos e nove meses. Ronaldo cumpriu seu “mandato de cadeia” e voltou à liberdade.
O falso "Rodolfo" era o real Ronaldo
  Filho de família tradicional do Espírto Santo, ao sair da prisão, Ronaldo passou a viver em casa de tios, no Rio de Janeiro, sem gastar nada. A mesada – NCr$ 650 novos cruzeiros – lhe enviada pelo pai, era gasta em roupas, bebidas alcoólicas e jogos de cartas.            
Quando Sabrina registrou queixa e “Rodolfo” foi preso, em agosto de 1969, a polícia entrou em sua valise uma pistola e documentos falsos. A nova prisão, além de anotar porte ilegal de armas, incluiu ligação com grupos terroristas, chamados, então, por subversivos. Engrossava um currículo que, a partir dos seus 19 anos de idade, quando chegou ao Rio de Janeiro, listava, entre outros itens, ser devasso, integrante da juventude transviada de Copacabana, expulsão de colégio, prisão durante o serviço militar e acusação por roubos – Ronaldo voltava a atacar.
  A última notícia sobre ele dizia ter-se tornado empresário, em sua terra, casado-se e ser pai de uma menina.
FOTOS REPRODUZIDAS DA ANTIGA REVISTA 'FATOS & FOTOS'

       

 

sábado, 27 de maio de 2017

VASCO DA GAMA 3 X 2 FLUMINENSE

O "Almirante" viveu um sábado emocionante. Abriu o placar, levou virada dos tricolores, mas depois virou pra cima deles, como é a sua tradição de eterno "Tima da Virada". Foi a sua segunda vitória neste Brasileirão – a primeira, no domingo passado, teve  2 x 1 Bahia.
O terceiro gol de Luís Fabiano pelo Vasco foi o 401 de
sua carreira. Foto de www.crvascodagama.com.br
 
Luís Fabiano abriu o placar, aos 25 minutos da etapa inicial. A virada tricolor saiu em dois pênaltis, em um espaço de seis minutos do segundo tempo. Mas Manga, em grande lance, livrando-se de vários marcadores, empatou, coincidentemente, aos 25, para Nenê cravar a vitória, aos 48 minutos da etapa final.

FICHA TÉCNICA – 27.05.20177 (sábado) VASCO 3 X 2 FLUMINENSE : 3ª rodada do Campeonato Brasileiro. Juiz: Raphael Claus-SP. Público presente: 20.442. Pagantes: 19.082. Renda: R$700.560,00. Gols: Luís Fabiano, aos 25 min do  1º tempo;  Henrique Dourado, aos 13  e aos 19; Manga, aos 25, e Nenê, aos 48 min do 2º  tempo. VASCO: Martín Silva; Gilberto, Breno, Paulão e Henrique; Jean, Douglas, Yago Pikachu (Nenê), Mateus Vital e Kelvin (Manga); Luis Fabiano. Técnico: Milton Mendes. FFLUMINENSE: Diego Cavalieri; Lucas (Marcos), Nogueira, Henrique e Léo; Orejuela, Douglas (Marcos Junior), Wendel e Gustavo Scarpa (Marquinho); Richarlison e Henrique Dourado. Técnico: Abel Braga. 

sexta-feira, 26 de maio de 2017

26, OU O VENENO DO ESCORPIÃO - BARREIRAS, 115 ANOS

Em 1825, quando a primeira barca – “Babau” – parou pela Bahia Oeste, encontrou um porto deserto, no Rio Grande – afluente da margem esquerda do Rio São Francisco. Passados 22 anos, chegou por lá  o vapor “Amaro Cavalcante”. Três anos depois, já havia o casebre do pescador Plácido Barbosa. Mais 30? Anotava-se 20 moradias. E rolado mais 11? Quem apareceu no 20 de fevereiro daquele 1891 participou das comemorações pela elevação do pedaço a Distrito de Paz do atual município de Angical. Dois meses mais tarde, mais festas. Em 6 de abril, o ato estadual nº 237, de 6 de abril do mesmo 1891, promoveu a localidade a vila independente.
Reprodução de www.editoracerrado.com.br Agradecimento
 Barreiras tornou-se sede de comarca, pela lei  estadual nº 280, com o nome Ribeira e tendo por marco de instalação 1º de novembro de 1889. Rompendo mais três temporadas políticas, em 26 de maio de 1902, atingiu a categoria de cidade, pela lei estadual nº 449. Mas o festão de investidura  ao novo status só se deu varando seis meses, em 15 de novembro, quando a Filarmônica União e Jacaré tocou, fortíssimo, no sentimento de sua gente.

 DURANTE MUITO TEMPO, Barreiras apagou velinhas na data errada. Confundiram a sua independência polítca com  mudança de categoria. Sem problemas! O progresso, paulatinamente, foi chegando. Em 1916, surgiu “Rio Grande”, o primeiro jornal; em 1918, luz elétrica, serviço postal e o segundo jornal, “A Cidade”; em 1920, era o cinema que chegava, pela tela do Cine Ideal; 1821 marcou a criação do Ipiranga, o primeiroa clube de futebol, seguido por São João, Vitória, Bonsucesso, Barreiras, Comercial e etc; 1925, trouxe uma escola agrícola e a igreja matriz, dedicada a São João; em 1927, o primeir grupo escolar, homenageando o Juiz de Direito da Comarca, o doutor Costa Borges. E, em 1949, um dos mais famosos educandários do oeste baiano, o Ginásio Padre Vieira. E mais e mais foi acontecendo.
Lana Turner, em foto do álbum
de José Nunes da Mata

NO PERÍODO EM QUE o mundo viveu o seu maior conflito inerncional, entre 1939 e 1945, Barreiras teve um aeroporto operado por militares dos Estados Unidos e que tornou-se um importante ponto de ligação do Brasil-Norte-Sul.
 Em tempos da “Aliança para o Progresso”, era comum descer dos antigos aviões Douglas que pousavam na cidade, com destino ao Rio de Janeiro, gente como o ator Cesar Romero e a 'deusa' (a foto não deixa mentir) Lana Turner.
 Dizem que foi em Barreiras que surgiu o termo “forró”. Os militares do “Tio Sam”, quando liberados a programarem eventos, convidavam o povo da cidade e diziam que seria um encontro “for all” – para todos. E rolava a festa. E muitos namoros. Por sinal, muitas moças barreirenses acharam que a Segunda Guerra Mundial acabou na hora errada. Logo quando elas estavam perto de serem pedidas em casamento.      
É assim que rola a história de uma das mais progressistas cidades do interior brasileiro. Barreiras já é o 12º produtor nacional de soja, atividade que turbinou a sua economia, deixando-lhe com mais 160 mil almas vivendo em seu perímetro urbano. Por lá, já se entra lojas, supermercados e hotéis que nada ficam a dever casas do ramo instaladas por Brasília, Goiânia, ou qualquer outra cidade do Centro-Oeste.
Antônio Balbino, em foto
do álbum de
José Nunes da Mata
  BARREIRAS JÁ OFERECEU um governador à Bahia, Antônio na Câmara, o deputado federal Tarcilo Vieira de Melo, em 1955, durante o mandato do presidente Juscelino Kubitscheck. Também, um dos maiores líderes empresariais da primeria metade do século passado, Geraldo Rocha, criador de jornais e revistas no Rio de Janeiro – A Noite e Noite Ilustrada, por exemplo – e da Rádio Nacional, que lhe foi confiscada pelo presidente Getúlio Vargas que, por sinal, tempos depois, visitou os barreirenses, como também o fez o seu sucessor Eurico Gaspar Dutra.
  Barreiras tem, também, o sorriso de suas morenas – donas de sotaque vagaroso –, dentro de biquines moderninhos, exalando alegria pelas águas do Rio de Ondas. De quebra, pra esquentar a alma, uma pinguinha 100sacional! Confira!       

       

quinta-feira, 25 de maio de 2017

HISTÓRIA DA HISTÓRIA - ALMIR


Reprodução de Revista do Esporte
 O Vasco vinha fazendo campanha irregular no Torneio Rio-São Paulo-1957 – 3 x 2 Botafogo; 1 x 1 Palmeiras; 1 x 0 Flamengo; 0 x 3 São Paulo; 5 x 2 Portuguesa e 0 x 2 Fluminense. Diante do América-RJ, quando  perdera dois jogadores, o treinador Martim Francisco recorreu a um garoto pernambucano que ainda tinha idade de juvenil. E, em 23 de maio daquele 1957, no segundo tempo lançou Almir Albuquerque de Morais, na vaga de Lierte, que já havia substituído Sabará. Diante de 6.825 pagantes e de 2.989 caronas, totalizando 9.814 almas, Almir estreou, ajudando o Vasco a vencer, por 3 x 0.
No jogo seguinte – Vasco 1 x 2 Corinthians – a irregularidade persistiu, mas Almir não jogou. Entrou no último compromisso do torneio – 01.06 - Vasco 3 x 2 Santos, na Vila Belmiro, a casa do “Peixe”. Daquela vez, Almir substituiu Sabará e o Santos trocou Del Vecchio por um outro garoto, Pelé, que prometia muito e até marcara um gol –  estava escrito que dois craques estavam surgindo.   
 
FICHAS DOS DOIS PRIMEIROS JOGOS OFICIAIS

25.03.1957 ´-Vasco 3 x 0 América. Torneio Rio-São Paulo. Estádio: Maracanã-RJ. Renda: 160.100,00. Publico: 6.825 pagantes e 2.989 não pagantes. Total: 9.814 presentes. Juiz: Frederico Lopes. Gols: Laerte, Livinho e Vavá. VASCO: Carlos Alberto Cavalheiro, Paulinho de Almeida, Bellini e Ortunho (Dario); Orlando Peçanha e Laerte; Sabará (Lierte/Almir), Livinho, Vavá, Valter e Pinga.
Técnico: Martin Francisco.

01.06.1957 – Vasco 3 x 2 Santos. Torneio Rio-São Paulo. Estádio: Urbano Calderia (Vila Belmiro), em Santos. Renda: 342.900,00. Juiz: Paulo Simões. Gols: Tite, Pelé (San), Valter Marciano, Livinho e Vavá (Vsc). VASCO: Carlos Alberto Cavalheiro, Paulinho e Bellini; Dario, Orlando e Laerte; Sabará (Almir), Livinho, Vavá (Wilson Moreira), Valter Marciano e Pinga (Roberto). Técnico: Martim Francisco. SANTOS: Manga, Getúlio e Mourão; Fioti, Brauner e Urubatão (Zito); Dorval, Álvaro, Pagão, Del Vecchio (Pelé) e Tite (Pepe).Técnico: Luís Alonso Peres, o  Lula.
 
Reprodução da revista Grandes Clubes
 ANO DOURADO – No início de 1958, o Vasco excursionou ao exterior, disputando doze amistosos, entre América Central, Estados Unidos e Europa. No penúltimo, em Moscou, Almir marcou um gol, diante do Dínamo Kiev. Foi um giro muito cansativo, mas  em que Almir pôde ver em ação jogadores que contribuíram para o seu futuro, exibindo-lhe experiência com as camisas de clubes tradicionais, como os espanhóis, Real Madrid, Atletic Bilbao, Valencia, Barcelona, Espanyol, o português Benfica e o soviético Dínamo Moscou, em nove vitórias vascaínas e três derrotas. De volta ao Brasil, Almir ajudou o Vasco conquistar o Torneio Rio-São Paulo, o seu primeiro título com a camisa cruzmaltina, atuando nos nove jogos – 2 x 4 Palmeiras;  3 x 1 Corinthians; 3 x 2 São Paulo;  6 x 1 Fluminense; 1 x 0 América; 1 x 0 Santos; 4 x 2 Botafogo; 1 x 1 Flamengo e 5 x 1 Portuguesa de Desportos.
 
CRUZMALTINO -  Havia um empresário, em Recife, um tal de Cier Barbosa, que tinha por “esporte predileto” indicar, ao Vasco da Gama, craques revelados pelo Sport Club do Recife, que já dera Ademir Menezes à “Turma da Colina”, mas sem ele nada ter a ver com a transação. Mas presenteou os cruzmaltinos com dois grandes “matadores”, Vavá – Edvaldo Izídio Neto – e  Almir Morais de Albuquerque. 
Almir aconteceu muito rápido em São Januário. Até poderia ter disputado a Copa do Mundo-58. Fora convocado para os treinamentos, depois dispensado do grupo, mas esteve perto de voltar a integrá-lo, quando a comissão técnica vivia a dúvida de manter, ou dispensar, o contundido garoto Pelé.
Cracaço do time do Vasco, que o recebera, aos 19 anos de idade, com cara de garotão – nasceu, em 28 de outubro de 1937 – Almir foi integrado ao time juvenil vascaíno, demorando-se pouco nele, para sagrar-se, no dourado 1958,  “super-super-campeão carioca” e do Torneio Rio-São Paulo, jogando barbaridades.
Com Valdemar e Pinga, na reprodução de foto da Manchete Esportiva
colorizada por  www.netvasco.com.br
Em 1960, o Corinthians, que não era campeão paulista, desde 1954, chorava o sucesso do Santos, principalmente, por ter a maior torcida do seu estado e não contar com um craque como Pelé. Então, abriu o cofre e levou Almir, por uma  fortuna. Ele não queria ir embora e nem ser o “Pelé Branco” , como lhe chamaram os corintianos, cansados de assistir às diabruras do camisa 10 santista diante deles.
 
Por capricho do futebol, Almir, durante as suas duas temporadas corintianas – 29 jogos, 13 vitórias, 7 empates, 9 derrotas e 5 gols, entre 1960 e 1961 – , jamais enfrentou Pelé. Isso só aconteceu quando ele era um vascaíno. E ganhou o duelo, por 1 x 0, marcando o tento da vitória, em 22 de março de 1958, no Maracanã, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, também chamado de Rio-São Paulo. O gol saiu aos 67 minutos, ou aos 22 do segundo tempo do prélio apitado por João Etzel Filho, da Federação Paulista de Futebol, com a refrega levando 37.455 almas ao estádio, das quais 32.978 foram pagantes e 4.477 caronas.

Almir, o “Pelé Branco” venceu o  “Pelé Preto” integrando esta patota: Hélio, Paulinho de Almeida e Bellini (Viana); Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Almir, Vavá, Rubens (Roberto) e Quincas (Wilson Moreira). Técnico: Francisco de Souza Ferreira, o Gradim. O Santos teve: Manga, Fiotti, Ramiro e Dalmo; Urubatão e Zito; Dorval, Jair da Rosa Pinto (Guerra), Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Aqueles jogos do Torneio Rio-São Paulo es “SS-RJ” da mesma temporada-1958, foram os dois grandes momentos de Almir no Vasco da Gama. Durante a disputa interestadual, ficou muito marcada, principalmente, a sua atuação nos 5 x 1 Portuguesa de Desportos –  06.04 – no Pacaembu, em São Paulo, quando ele fez três dos cinco gols que garantiram o título ao “Almirante” – antes, havia batido na rede em: 01.03 – Vasco 2 x 4 Palmeiras (1 gol); 08.03 – 3 x 2 São Paulo (1); 13.03 – 6 x 1 Fluminense (1); 22.03 – 1 x 0 Santos (1); 26.03 – 4 x 2 Botafogo (1).
 
TROCA DA COLINA PELO PARQUE -  Por Cr$ 3,5 milhões de cruzeiros e um automóvel, por dois anos de contrato,  Almir deixou São Januário e levou o seu aguerrido futebol para o Corinthians, em 1960. Bom para os dois lados? Financeiramente, sim, para os cartolas; sentimentalmente, não, para o atleta.

Mesmo faturando Cr$ 30 mil mensais – entre salários, gratificações e prestações das luvas, tiraria perto de Cr$ 200 mil mensais, valores que faziam daquele um dos maiores contratos do futebol brasileiro –, o jogador preferia continuar cruzmaltino, por sentir-se muito bem como um grande ídolo das torcida. Por isso,  dificultou o negócio. O que o deixou mais magoado foi saber que um dirigente vascaíno  teria dito não haver mais ambiente para ele no Vasco. Aquilo levou-o a uma crise de nervos.
Almir abraça os ex-companheiros Miguel e Pinga.
 
Para encerrar a queda-de-braço entre Almir e o clube carioca, o presidente do clube paulistano, Vicente Matheus, topou pagar Cr$ 6, 5 milhões de cruzeiros, à vista; acertou um amistoso, em 5 de abril, com renda dividida, no Pacaembu, e ceder a sua parte na renda do jogo Vasco x Corinthians, em 16 de abril de 1960, na capital paulista, pelo Torneio Rio-São Paulo, a grande disputa da época. Com isso, os cofres da Colina deveriam receber cerca de Cr$ 8 milhões. Um dinheiraço! O maior negócio do futebol brasileiro. Segundo falava, com a grana saindo do bolso de Matheus.
 
DO LADO DE LÁ – Almir havia disputado a sua última partida com a jaqueta curzmaltina em 16 de janeiro daquele 1960, no amistoso em que a “Turma da Colina” goleara o Atlético-MG, por 6 x 3, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Marcou dois gols, aos 9 e aos 50 minutos – Delém, aos 16, aos 46 e aos 49, além de Cabrita, aos 77 minutos, fizeram os demais – e foi substituído, no segundo tempo.
O último Almir vascaíno entrou nesta formação escalada pelo treinador Dorival Knipel, o Yustrich: Barbosa (Ita); Paulinho de Almeida, Bellini (Viana), Orlando Peçanha e Coronel; Barbosinha e Roberto Pinto (Waldemar); Teotônio (Wanderley), Almir (Cabrita), Delém e Roberto Peniche (Dominguinhos) – Ernani, aos 36 do 1º e aos  88, e William, aos 27 minutos, marcaram para o “Galo”. 

O que Almir não desejava, aconteceu na noite da terça-feira 5 de abril de 1960, no Pacaembu. Ele estreou como corintiano diante do Vasco, e abriu o placar, aos 6 minutos, para a partida terminar  em “Timão” 3 x 0. A renda? Cr$ 1 milhão, 76 mil e 900 cruzeiros, quase igual à de 11 dias depois, no mesmo estádio, quando o placar ficou no 1 x 1 e as bilheterias da casa arrecadaram Cr$ 1 milhão, 75 mil e 900 cruzeiros. 

O "PERNAMBUQUINHO" DO OUTRO LADO DO BALCÃO
Com Orlando e Gilmar
O primeiro Vasco contra Almir foi escalado pelo técnico argentino Filpo Nuñes com: Miguel; Paulinho de Almeida (Dario) e Bellini; Écio (Russo), Orlando (Barbosinha) e Coronel; Sabará, Pinga (Pacoti), Teotônio, Roberto Pinto (Valdemar)  e Roberto Peniche. A nova turma do “Pernambuquinho”, treinada por Alfredo Ramos,  era: Gilmar (Cabeção); Egídio, Olavo (Marcos) e Ari Clemente; Benedito (Sidnei) e Oreco; Lanzoninho, Almir (Luizinho), Higino (Bataglia), Rafael e Evanir.   
 No jogo oficial, pelo Rio-São Paulo, Almir não encarou o Vasco, Que teve seu tento marcado por Delém, igualando o placar, aos 56 minutos. O time armado, pelo mesmo Filpo Nuñes, teve: Barbosa; Paulinho de Almeida, Bellini e Coronel; Écio e Orlando Peçanha; Sabará, Roberto Pinto, Delém, Pinga e Roberto Peniche. 
 
MARCADO -  Capa do Nº 30 da “Revista do Esporte” datada de 3 de outubro de 1959, Almir começou a ficar marcado pelas torcidas adversárias do Vasco, devido as confusões em que se envolvia. A pior delas rolou, em 9 de agosto daquele 59, pelo Campeanto Carioca, quando ele disputou um lance e deixou o lateral-esquerdo Hélio, do América, com uma das pernas fraturadas. Xingado pela torcida americana, Almir jurou à “RE” que não tivera a intenção de encerar a carreira do colega de profosissão. “Nunca...tive o espírito de carrasco”, garantiu. Disse mais:” Os gritos de ‘assassino’ que me dirigiram...foram como...setas me perfurando todo o corpo”.

Suspenso, pelo Tribunal de Justiça da Federação Carioca de Futebol, o “Pernambuquinho” – seu apelido – viu no castigo até uma ajuda. Segundo avaliou, poderia não render mais nada para o ataque vascaíno, caso saísse impune do acontecido, devido a tensão que passara a viver. Para ele, os que o atacaram poderiam raciocinar melhor e concluir que, sendo tão jovem, ele não poderia seria burro ao ponto de liquidar a sua carreira em apenas um jogo.  Almir disse, ainda, à revista que o lateral Hélio era um dos seus “melhores amigos” no time do América e que vinha rezando pelo seu restabelecimento, pois não compreendia aquele “incidente”.  E prometeu mostrar a sua classe, “sem precisar usar da deslealdade, já que todos me julgam um carrasco, coisa que nunca fui”, garantiu.
Nesse jogo em que Almir virou “bandidão”, o Vasco caiu,  por 1 x 3, diante de 59.317 pagantes, e ele marcou o chamado “gol de honra” cruzmaltino. O juiz Cláudio Magalhães  e a “Turma da Colina” do dia era dirigida pelo treiandor Francisco de Sousa Ferreira, o Gradim, queescalou: Barbosa, Paulinho de Almeida, Bellini e Orlando; Écio e Coronel; Sabará, Almir, Roberto Pinto, Rubens e Pinga.  
 
O CARA - Almir era visto como um jogador encrenqueiro. Muitos cobravam do treinador Gradim (Francisco de Souza Ferreira) dar um jeito no seu pupilo. Mas o comandante do time vascaíno discordava de quem via um moleque em lugar de um homem. E dizia não admitir brincar coma personalidade de seus atletas. Preferia um Almir bravo,  valente, “que entra no fogo com o maior desprendimento, só cuidando do Vasco”, do que um Almir apático, sem vontade de lutar e sem alma, como falou à revista “Manchete Esportiva” de Nº 126, de 19de abril de 1958.
 Gradim via Almir como um jogador que precedia, em campo, como homem que não aceitava, impassível, um insulto, uma agressão. E apontava-lhe uma grande virtude: não ser mascarado (termo da época para pessoa antipática). Acreditava que o pernambucano, quando tivesse mais experiência, poderia ser tão grande o quanto fora o Leônidas da Silva do Campeonato Sul-Americano de 1932. 
 
 
 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

KIKE EDITORIAL, OU O VENENO DO ESCORPIÃO - TÉCNICO BELLE ÉPOQUE

Quando você vê fotos das primeiras décadas do século 20, depara-se com homens usando terno, gravata, chapéu e bengala, quase sempre. Era a “brasucada” vivendo os ares da francesa “Belle Époque”,  que ditou moda, entre 1871 e 1914. 
Milton Mendes não usa terno e gravata para treinar o time....
Pelo Rio de Janeiro, a capital do país, porto de entrada das ideias e modismos europeus, a bossa rolou  por volta de 1889, com a chegada de tempos republicanos, e mandou ver, até, e durou até 1922.
A “Belle Époque”, além da moda de estilistas que a realçariam, também (é claro!) a beleza feminina, trouxe muitas (felizmente) e belas novidades tecnológicos,  artísticos e fez o homem ir pelos ares (leia-se Alberto Santos Dumont).
  A então sociedade patriarcal, machista e preconceituosa, ainda era fortíssima, mas as mulheres conquistavam espaços.
Como se vê, a  “Belle Époque” foi pré-modernista, o que significa que o glorioso Clube de Regatas Vasco da Gama não tem um treinador pós-moderno em sua equipe de futebol. Está 95 anos atrasado, comparecendo ao trabalho trajado como naquela época, inexplicavelmente, em um país de clima tropical que não recomenda paletó e gravata durante prélios do ludopédio.
... mas usa nos dias de jogos, demonstrando faltas de espírito de equipe
 Não há fotografias de nenhum treinador vascaíno trajado à beira do gramado, como durante a “Belle Époque”. Um comandante de grupo que não se veste com o uniforme do clube, quando todos os atletas estão trabalhando como mandam os padrões desportivos, demonstra total falta de espírito de equipe. Idiota imitação de treinadores europeus, que convivem com o clima frio.
Quem trouxe esta idiota imitação para o Brasil foi Zezé Moreira, que não ganhou nada de importante, a não ser torneio regional. Pela década-1950, ele acompanhava o jogo, do túnel, elegantemente vestido, quando o seu Fluminense ganhava por 1 x 0, se muito. A partir de 1978, com a TV mostrando o técnico Cesar Menotti todo produzido “a lá europeus”, começaram a surgir “imitadores  tupiniquins”. 
Durante os anos-1990, após o papelão do futebol brasileiro do Mundial da Itália, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, achava o antigo meio-campista (do Internacional-RS, da Roma-ITA e do São Paulo), Paulo Roberto Falcão tão elegante quanto o alemão Franz Beckenbauer, hábito adquirido (por Falcão, é claro!) em seus tempos de futebol italiano. E o contratou para dirigir o time canarinho. 
Falcão foi um extraordinário jogador de bola. Mas, com treinador engravatado, jamais deu certo, em lugar algum. Veja fotos dos treinadores campeões mundiais pelo Brasil –Vicente Feola, Aymoré Moreira, Mário Jorge Lobo Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Luís Felipe Scolari – e observe que todos estão à beira do gramado usando o uniforme do escrete nacional, exercitando o espírito de equipe. O engravatado Wanderley Luxemburgo, que, também, teve o selecionado nacional sob o comando, só ganhou torneios caseiros, por clubes. Luís Alonso Peres, o santistas Lula; o gremista Waldyr Espinosa; o rubro-negro PC Carpegiani, os são-paulinos Telê Santana e Paulo Autuori e o colorado Abel Braga foram campeões continentais e mundiais interclubes, tabelando na indumentária  com a instituição representada.
O engravatado Milton Mendes, com um terno que lembra um “lambe-lambe” (nada contra a extinta profissão), empatou com o Macaé, que havia perdido os cinco jogos pela Taça Guanabara, e com o Flamengo, por conta de um pênalti, escandalosamente, inexistente, aos 47 minutos do segundo tempo. Venceu, por 1 x 0, Madureira e Boa Vista, por absoluto demérito dos oponentes. Foi às semifinais do Estadual ser a alegria do Fluminense, que mandou-lhe 3 x 0. De nada adiantou o engravatado treinador (como os árbitros de futebol dos inícios do futebol no Brasil) tirar o terço do bolso e pedir ao seu Deus para ajuda-lo – e prejudicar o adversário.  ele não o ajudou, também, diante do Palmeiras, que mandou-lhe 4 x 0, na estreia vascaína no Brasileirão. Só ajudou nos 2 x 1 sobre meio-time reserva do Bahia, no domingo passado.  

terça-feira, 23 de maio de 2017

BEBETO, O BAIANO QUE VASCAINOU

Bebeto vestiu a camisa do Flamengo, diante do Vasco, pela última vez, em uma segunda-feira: 12 de junho de 1989, no Maracanã, pelo Estadual. No dia, ele marcou o seu último gol rubro-negro, aos 38 minutos do segundo tempo. Mas o Vasco mandou 2 x 1, com Roberto Dinamite, aos 22, e de Paulo Roberto, aos 39 minutos da mesma etapa final.
O clássico teve 6.143 pagantes e o Flamengo, do técnico Telê Santana, jogou com: Zé Carlos; Jorginho “Tetra”, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo; Ailton, Renato Carioca e Valdeir: Alcindo (Sérgio Araújo), Bebeto e Zinho. No Vasco, o treinador Sério Cosme usou; Acácio; Paulo Roberto, Célio Silva, Fernando e Mazinho (Cocada); Zé do Carmo, França, Geovani (Vivinho) e Bismarck;  Roberto Dinamite e William.
Pelo Vasco, o primeiro jogo de Bebeto, contra o Flamengo, rolou em 5 de novembro do mesmo 1989, em um domingo, no Maracanã, pela segunda fase do Campeonato Brasileiro. Estiveram presentes 59.076 pagantes, que gastaram NCz$ 1.088.300,00 (novos cruzeiros). Luís Carlos Félix apitou e o Fla venceu, por 2x 0, com Bujica marcando os dois tentos, aos 30 minutos da etapa inicial, e aos oito do segundo tempo.
No Vasco, o técnico Nelsinho Rosa escalou: Acácio; Luis Carlos Winck, Leonardo Siqueira, Quiñonez e Mazinho; Zé do Carmo, Andrade (Vivinho), Marco Antônio Boiadeiro e Titas: Bebeto e Bismarck. No Fla, o chefe Valdyr Espinoza confiou em: Zé Carlos; Josimar, Júnior, Fernando e Leonardo; Aílton, Zico e Zinho; Alcindo, Bujica (Nando), Luís Carlos (Zé Carlos Paulista).
Sandoval! Você não disse se é vascaíno, ou flamenguista. Mas, com certerza, é um "baianíossimo, bebetíssimo", certo? (Foto vascaína reproduzida da revista "Placar", das Editora Abril, e flamenguista de álbum de figurinhas).

segunda-feira, 22 de maio de 2017

HISTORI&LENDAS DA COLINA - 171

1 - Na década-1950, o Vasco tinha um dos times mais convidados para amistosos pelo Brasil a fora. Por aquela época, o hoje "grande" Cruzeiro só era conhecido em Belo Horizonte. Então, jogar um amistoso com o "esquadrão cruzmaltino", como falavam os "speakers" radiofônicos, era uma festa na capital mineira. Em um desses convites, no feriado do 15 de novembro de 1956, o Vasco aplicou um "autêntico 171" na torcida mineira. Começou a partida com um time e terminou com um outro. Todos os reservas foram usados pelo treinador Martim Francisco, que era, também, mineiro. Nos programas de desenhos gráficos de computadores que usam estrelinhas, as substituições formam uma árvore de Natal. E, como estava perto daquela data, o presente vascaíno foi de grego: escalpelou a "Raposa", por 4 x 1, com Valmir, Lierte Pinga e assando o queijo mineiro. Confira a "escalação 171" do "Almirante": Carlos Alberto (Sivuca), Paulinho (Ortunho), Bellini (Haroldo), Orlando (Jophe), Coronel  (Clever), Lerte (Delcyr

2 - Embora tenha aplicado o artigo 171 pra cima do Cruzeiro, o Vasco era camaradão da "Raposa". Inclusive, chegou a fazer várias armações com a galera do animal. Certa vez, os dois combinaram ficar, por três jogos, em cima do muro: 0 x 0, em 6 de fevereiro de 1983, no Maracanã; 17 dias depois, no Mineirão, e em 14 de setembro de 1986, no Maracanã. Algum tempinho depois, armaram, de novo, mas com pipocas na chapa: 3 x 2 pra lá e pra cá, respectivamente, em 20 de julho e em 7 de novembro de 2004, em São Januário e no Mineirão, respectivamente.  Pra completar a política bilateral de boa vizinhança, rolou mais uma combinação para Vasco e Cruzeiro voltarem a ficar cima do muro: 3 x 3  no Mineirão e na Colina, respectivamente, em 26 de junho e em 05 de outubro de 2005. 

3 - Passadas as combinações citadas, o Vasco, expert na aplicação do artigo 171 pra cima de mineiros, sapecou 3 x 0, em 2011, em São Januário e na Arena do Jacaré. Cobrado pelo ex-amigo, o "Almirante" justificou ter entendido "abater um jacaré", quando seria "jogo na Arena do Jacaré". E, como o bicho que pintara pela frente fora a "Raposa", a executara, como já havia feito, anteriormente, na Colina. 

domingo, 21 de maio de 2017

DOMINGO É DIA DE MULHER BONTIA - BIGA , A GUERRILHEIRA "HERMOSA"

Esta é uma emocionante história de amor, iniciada em uma ilha e interrompida na selva. Tipo daquelas que esgotavam as vendas das revistas “Capricho” e “Sétimo Céu”, durante a década-1960, comovendo jovens apaixonadinhas. Por astros desse enredo, entram uma professorinha carioca, de 23 anos de idade,  e um guerrilheiro equatoriano.
Fotos reproduzidas de "O Cruzeiro"
Tudo começou quando Abigail, a Biga, juntou-se a um grupo de amigas e foi passear em Cuba. Na ilha caribenha, ela conheceu, namorou e apaixonou-se, loucamente, por Santiago Pérez Leroux. Quando voltu ao Brasil, só pensava em reencontrá-lo. Em março de 1962, comprou passagens aéreas, a prestação, e foi reviver a paixão repentina. O que Abigail Pereira Nunes – filha do deputado Adão Nunes – não imaginava era o quanto seria perigoso aquele romance.  O namorado comandava uma organização clandestina rebelde que pretendia derrubar o governo do Equador. Estava na mira dos fuzis e das metralhadoras do poder.
 Biga chegou a Quito e passeou muito com o namorado. Enquato isso, a situação política do país efervescia. De repente, Santiago abriu o jogo e contou-lhe que o seu grupo viajaria para a selva, a fim de fazer uma guerrilheiro. Ela pediu para juntar-se ao grupo dele e, durante a noite fria de 30 de março, acompanhoucerca de 50 rapazes e mais três moças, para as montanhas de Santo Domingo de los Colorados, a 100 quilômetros de Quito.
Por amor a Santiago, Biga atravessou 13 quilômetros de mata, vencendo pântanos que a enlamaçavam até os joelhos e com chuva gelando o seu corpo de uma bonita morena brasileira. Seus pés inchavam dentro das botas, mas nada a desanivava segui-lo.
Biga carregava uma espingarda, que nem sabia usar. Ainda passaria por treinamento. Mas nem teve tempo. Enquanto Santiago esperava pela chegada de mais um grupo rebelde, centenas de soldados cercaram a área onde montariam o acampamento, com ordem de atirar para matar. Ela ouviu disparos de metralhadoras, segiu a sua rota e, no meio da caminhada, teve uma de suas pernas  ferida, deixando-a sem poder andar. Escondeu-se entre um tronco seco caído ao chão e o de uma árvore gigante. Por sorte, havia uma folha de bananeira que a cobriu e ela não foi vista pelos perseguidores.
Biga e o namorado Santiago
A noite chegou, trazendo chuva e frio. Foram três dias naquele martírio. Então, Biga saiu do econderijo e vagou pela floresta, sem mais contato com o namorado e força física. Desabou junto a uma vegetação rasteira. Achada por camponeses, foi levada para a casa de um índio colorado, para ser socorridas. Mas um dos camponeses a entregou aos militares, que a prenderam, como guerrilheira, sem que tivesse disparado um tiro.
 Levada para um quartel do exército equatoriano, Biga foi divulgada pela imprensa do país como uma “experiente revolucionária russa, ou cubana”.  Uma das manchetes dos jornais estampava: “Hermosa muchacha brasileña entre los guerrilleros”.
“Hermosa”, Abigail era. Guerrilheira, jamais. Apenas, uma jovem, tremendamente, apaixonada,que não via dificuldades para estar ao lado de quem amava. Caíra junto com 47 amigos do Comandante Santiago (e as outas três mulheres), que portavam 29 espingardas, três fuzis e uma submetralhadora. Em 10 de abril, ela passou a ocupar a cela 12 do “Carcel de Mujeres” da Penitenciária Nacional, em Quito, acusada de conspirar contra contra a segurança do estado equatoriano – Biga, no enanto, só queria beijinhos e amassos do namorado.