Vasco

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segunda-feira, 1 de maio de 2017

QUAL É O MELHOR VASCO? O DE 1956?


Carlos Alberto, Paulinho, Bellini, Laerte,, Orlando e Coronel (em pé, da direita para a esquerda); Sabará, Vavá, Livinho, Valter e Pilnga (agachados, na mesma ordem), em foto reproduzida da revista "Manchete"
Era hora de parar de chorar saudade de Moacir Barbosa, Danilo Alvim, Ademir Menezes, Chico Aramburo, aquela turma que ficara para trás e na lembrança dos muitos títulos conquistados. Ou caía na realidade dos novos tempos, ou aqueles quatro anos de jejum de faixas poderiam dobrar a decepção. Quem sabe, ver o maior rival, o Flamengo, ser tetra.
O "Almirante", no entanto, mudou a sua rota, renovou a sua esquadra e navegou para o Campeonato Carioca-1956 fazendo muita marola. Com o intelectual treinador Martim Francisco entrosando a rapaziada, sem mexer em nenhuma escalação do primeiro turno, o aviso aos navegantes foi dado: o Vasco queria o caneco. E, ao final da etapa, apresentava nove vitórias, dois empates e só uma escorregada. Mandou dizer que a entressafra iria acabar –  no returno, entretanto, o time abaixou o seu cartel, para oito vitórias, dois empates e uma queda.  

CANECO DA COLINA – Os vascaínos comemoraram o título estadual de 1956 no sábado 15 de dezembro, tendo pela frente, além do Bangu, chuvisquinho chato e céu carrancudo. Mas aquilo nem fora pior: a moçada ainda teve que virar o placar do jogo em que Zizinho bateu primeiro na rede, valendo pela penúltima rodada do Estadual, com a bola molhada pesando muito e ficando tão escorregadia quanto o gramado do Maracanã.
Se dizem que quem é bom tem, também, de ser sortudo, o "Almirante" juntou as duas coisas antes do início do segundo tempo: o árbitro Eunápio de Queirós expulsou de campo o astro banguense Zizinho, alegando que o tal teria lhe chamado  de ladrão, por anular um gol da sua turma, com cinco minutos de pugna.
Vavá, em foto reproduzida da revista
 Manchete Esportiva,  marcou o gol
 do título de 1956
Sorte do Vasco se ver livre de um cracaço daqueles. Zizinho só não tinha razão em reclamar do apitador, pois três companheiros dele – Hílton, Wilson e Calazans – estavam impedido no lance da discórdia, como mostrara a TV. "Havia três atacantes avançados”, escreveu Albert Laurence, em “Manchete Esportiva”, que colheu esta opinião do locutor Mário Garcia: “O Mestre Ziza não poderia ter forçado daquela forma a sua expulsão, ainda mais sendo um jogador da sua categoria e experiência”. 
 A revista ouviu, também, o comentarista Benjamin Wright, que disse: “Acho que o Eunápio de Queiroz foi, tecnicamente, um juiz correto". De sua parte, Nélson Rodrigues reiterou o colega: "Tornou-se o clube da Cruz de Malta, com indiscutível merecimento, o campeão da cidade".
  De acordo com o repórter Albert Laurence, pelo Nº 57 da “Manchete Esportiva” de 22 de dezembro de 1956, Zizinho terminara o primeiro tempo cansado, por causa do campo alagado, deixando-lhe a impressão de que, com ou sem ele, o Vasco venceria na segunda etapa. “Durante a etapa final, a superioridade do Vasco, em volume de jogo, em domínio territorial, técnica e taticamente, foi esmagadora”, escreveu Laurence, acrescentando que o Bangu só fizera se defender.
  O empate vascaíno saiu aos oito minutos do segundo tempo. Pinga bateu para o gol, da esquerda, quase da linha de fundo, e Laerte cabeceou, de cima para baixo. O goleiro Ubirajara falhou e a bola ia entrando, quando Edelfo a parou, com uma das mãos, “em recurso desesperado”, como escreveu Laurence e uma fotografia mostrou. “Eunápio apitou o ‘hands’ proposital, com toda razão”, prosseguiu o jornalista, relatando, ainda, que Vavá igualara o placar levantando cal, da marca do pênalti.  
Martim Francisco em
foto reproduzida de
 Manchete Esportiva
Aos 42 minutos, Pinga mandou mais um centro para dentro da área banguense. Ubirajara tentou intercepta  o voo da bola, mas esta caiu nos pés de Vavá, que não perdoou: Vasco 2 x 1, formando com: Carlos Alberto Cavalheiro; Paulinho de Almeida e Bellini; Laerte, Orlando e Coronel; Lierte, Livinho, Vavá, Válter, Marciano e Pinga. 

DEVER CUMPRIDO, o treinador Martim Francisco chegou ao vestiário completamente ensopado, pela chuva, dizendo: “Eu já esperava essa resistência. O Bangu cumpriu o seu dever”. O autor dos dois gols vascaínos, Vavá não deixou por menos: “Seria injustiça não ganharmos. A chuva atrapalhou muito, mas o que é do homem o bicho não comer”.
Exceto Lierte e Livinho, que tiveram atuações consideradas notas 5, e Coronel, 7, os demais jogadores cruzmaltinos tiraram 8 e 9, este para Paulinho e Bellini. O público que assistiu ao "Almirante" cruzar os mares do sucesso não foi divulgado. Mas a renda, sim: Cr$ 723 mil, 971 cruzeiros e 40 centavos.        


Martim Francisco era discípulo do uruguaio Ondino Viera, que havia montado o “Expresso da Vitória”. Aquele fora o décimo título vascaíno de campeão carioca – antes, em 1923/24/29/34/36/ 45/47/49/50/52 –, acabando, sob a presidência de Arthur Braga Rodrigues Pires, com o favoritismo do seu maior rival, o Flamengo, que mantivera a base do seu tri-1953/54/55

Martim Francisco era discípulo do uruguaio Ondino Viera, que havia montado o “Expresso da Vitória”. Aquele fora o décimo título vascaíno de campeão carioca – antes, em 1923/24/29/34/36/ 45/47/49/50/52 –, acabando, sob a presidência de Arthur Braga Rodrigues Pires, com o favoritismo do seu maior rival, o Flamengo, que mantivera a base do seu tri-1953/54/55

CAMPANHA – TURNO - 29.07.1956 – Vasco 4 x 0 Portuguesa; 29.07 – 0 x 0 Botafogo; 12.08 – 4 x 1 Madureira; 19.08 –2 x 0 Canto do Rio;  26.07 – 3 x 2 Fluminense; 02.09 – 3 x 1 América; 07.09 – 4 x 1 Olaria;  15.09 – 3 x 2 Bonsucesso; 22.09 – 2 x 3 Bangu; 27.09 – 5 x 1 São Cristóvão; 07.10 – 1 x 1 Flamengo; 14.10 – 6 x 0 Madureira. RETURNO -   21.10 – Vasco 5 x 0 Portuguesa; 28.10 – 4 x 0 Bonsucesso; 04.11 – 0 x 1 Flamengo; 11.11 – 4 x 0 Canto do Rio; 18.11 – 0 x 0 Fluminense;  25.11 0 3 x 2 Botafogo; 21.12 – 1 x 0 São Cristóvão; 07.12 – 1 x 0 América; 15.12 – 2 x 1 Bangu; 23.12 – 1 x 1 Olaria.  

 OS CAMPEÕES: Bellini, Coronel, Laerte, Orlando (22 jogos), Carlos Alberto Cavalheiro, Pinga (21), Paulinho de Almeida, Válter Marciano (20), Livinho, Vavá (19), Sabará (16), Lierte (6), Artoff, Roberto Pinto (3), Dario, Hélio, Ortunho, Valdemar, Valmir e Wilson. Os artilheiros dessa turma foram Válter, ambos com 13 gols, seguidos por Livinho e Pinga (10), Sabará (4) Lierte (3), Laerte (2), Artoff, Roberto Pinto e Valdemar (1).    

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