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sábado, 12 de maio de 2018

O VENENO DO ESCORPIÃO - MALVADEZAS E TERNURAS DE TONINHO "REI DA BAHIA"

1 – Entre 10 de fevereiro de 1967 a 6 de abril de 1970, Antônio Carlos Magalhães foi prefeito de Salvador. Durante o seu mandato, o consumidor da capital baiana esteve proibido, no Mercado Modelo, por três sabados, de curtir uma saborosa batida de limão com lambreta. Êpa! Nada de colisão entre uma fruta cítrica e um veiculo móvel de duas rodas. Lambreta, na Bahia, é o apelido de um pequeno molusco parecido com ostra e que a rapaziada convoca para tira-gosto com algo que molhe o pescoço por dentro. De repente, a combinação tornou-se uma das principais atrações do mercadão, tendo feito a cabeça de gente “vip” como os escritores franceses Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, e o ator norte-americano  David Niven. Sem falar do baiano Jorge Amado, para quem a batida era “divina”.
Jorge Amado reproduzido de www.jorgeamado.org.br

2 – Um administrador do Mercado Modelo, o tal de José de Souza Brito, decidiu proibir na casa o consumo da batida de limão com lambreta, dizendo que a moçada ingeria uma “dupla fatal”. Via exageros nos apetites alcoólicos dos sábados, havendo até, segundo ele, o risco de as meninas fazerem “strip-tease”. Para ele, isso não seria só um atentado ao pudor, como um desrespeito à rainha Elizabeth II, da Inglaterra, que visitara o local, em novembro de 1968.

3 - A atitude dotal Souza Brito levou edis baianos a fazerem vários discursos contra a medida, recebendo aplausos de todo o plenário da Câmara de Vereadores soteropolitana. Ao tomar conhecimento do caso, o prefeito Antônio Carlos Magalhães não perdeu tempo. Mandou uma canetada e proibiu a proibição.  Taí uma das razões porque o Toninho Malvadeza não perdia eleição na Bahia, onde sempre havia mais bêbados (aos sábados,fora do expediente) do que abstêmios         

4 – Toninho Malvadeza era prefeito de Salvador (1967 a 1970) e, bebendo uns pileques caseiros, com amigos, em um final de semana, após muitas brincadeiras, disse-lhes: “Vou construir uma estrada pra botar muito filho da puta pra fora da Bahia”. Abriu concorrência pública, mandou ver 32 quilômetros de asfalto ligando Salvador do Aeroporto Dois de Julho e liberou para o turismo a litorânea Avenida Otávio Mangabeira. A Bahia aplaudiu, ele ganhou muitos votos futuros por aquilo e, aos mesmos amigos, disse: “Depois, eu é que sou filho da puta!”  
Reprodução de capa da revista com título acima
  
Em  1994, como governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães marcou a sua desincompatibilização do cargo para 2 de abril, avisando que seria candidato ao Senado. Mas deixando explícito que, se passasse pela sua frente um cavalo presidencial encilhado, ele montaria – não passou.

5 – Tempinho depois, Antônio Carlos chegou a ao Aeroporto Dois de Julho, em  Salvador, após viagem a Brasília, onde arrancara uma graninha “duzome”. Na volta, foi recebido por grande quantidade de políticos puxa-sacos, evidentemente, e eleitores a fim de também morderem alguma coisas. No meio da galera, havia um curioso bom número de rapazes com quase a mesma altura e todos com os cabelos cortados curtinhos. Eram guardas civis, à paisana, convocados para a segurança do governador. Ao saber do que se tratava, Toninho Malvadeza mandou dispensar aquela segurança, garantindo que, na Bahia, ele estava mais seguro do que a própria segurança.   
6 – Antônio Carlos Magalhães levou Cleriston Andrada à convenção do PDS baiano, com quase unanimidade para sucedê-lo no governo baiano. Dissidente só o ex-governador e então senador Lomanto Júnior. Mas este desistiu de candidatar-se. Só não desistiu de não comparecer à convenção. Ao saber disso, Antônio Carlos disse: “Estou tão preocupado com uma desistência, que nem tenho tempo para me preocupar com desistência de desistente”.

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